Quando Caixa Econômica Federal, com sede em Brasília anunciou sua mais nova modalidade de crédito imobiliário, o país ouviu atentamente.
O anúncio foi oficializado hoje (12 de outubro de 2025) por Carlos Vieira, presidente da Caixa, que explicou que a linha entra em vigor imediatamente e destina‑se a clientes que desejam financiar imóveis residenciais com valor acima de R$ 1.500.000,00 ou que já tenham um financiamento ativo na instituição.
O primeiro trimestre de 2024 registrou um salto de 30 % nos financiamentos imobiliários, segundo dados do Instituto de Registro Imobiliário do Brasil. Esse aquecimento foi impulsionado pela queda da taxa Selic, que em julho de 2024 chegou a 13,75 % ao ano, e pela retomada da confiança dos consumidores após a pandemia.
Entretanto, as linhas tradicionais do Sistema Financeiro Habitacional (SFH) têm limite de valor de R$ 1,5 milhão, o que exclui grande parte dos compradores de imóveis de alto padrão. A Caixa, que já lidera o volume de crédito imobiliário no país, viu aí uma oportunidade para ampliar seu portfólio.
A modalidade, chamada Crédito Imobiliário CDI, tem prazo máximo de pagamento de 360 meses (30 anos) e taxa de juros anual a partir de 114 % do CDI. Na prática, se o CDI estiver em 10,85 % ao ano, a taxa final do financiamento será de aproximadamente 12,35 % ao ano (10,85 % × 1,14).
O cliente precisa dar entrada mínima de 30 % do valor do imóvel, que pode ser novo ou usado, mas a Caixa prioriza unidades já prontas. O produto utiliza exclusivamente o Sistema de Amortização Constante (SAC), o que gera parcelas iniciais mais altas que diminuem ao longo do tempo.
Importante notar que o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) está vedado, já que a linha se enquadra no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) e depende de recursos livres da própria caixa, sem subsídios governamentais.
Em nota, a Caixa Econômica Federal destacou que a taxa será ajustada diariamente de acordo com a média do CDI, permitindo que o custo do crédito reflita as variações do mercado financeiro.
Para a ADEMI (Associação das Administradoras de Imóveis e Condomínios de São Paulo), a nova opção “não atrairá o FGTS, mas abre espaço para quem tem maior capacidade de aporte”.
Já Amplace, consultoria de mercado imobiliário, calculou que, considerando um CDI de 10,85 %, o consumidor pagará cerca de 1,05 % a mais ao ano comparado a uma taxa fixa de 11,3 % que costuma ser oferecida em linhas SFH.
O economista Rogério Araújo, da Banco Central do Brasil, observou que “o uso do CDI como referência traz maior transparência, mas também maior volatilidade para o tomador”.
Para quem busca imóveis de luxo, a Caixa agora oferece uma alternativa que elimina a necessidade de aguardar aprovação de linhas governamentais com limites mais baixos. Por outro lado, a exigência de 30 % de entrada pode excluir compradores com menor capacidade de depósito imediato.
Do ponto de vista da instituição, a medida permite diversificar a carteira de crédito e reduzir a dependência de recursos do SBPE, que costuma ser mais custoso em períodos de alta da Selic.
Analistas de grandes bancos sugerem que, se a demanda persistir, outras instituições podem seguir o mesmo modelo, gerando uma nova competição de crédito atrelado ao CDI.
Segundo Carlos Vieira, a Caixa monitorará a aderência da linha nos próximos seis meses e avaliará a possibilidade de ampliar o teto de valor do imóvel para até R$ 2,5 milhões, alinhado ao recente aumento dos limites do SFH anunciado pelo governo em outubro de 2024.
Enquanto isso, a instituição reforçou que a nova modalidade permanecerá disponível “enquanto houver demanda e capacidade operacional”, deixando em aberto a data de eventual encerramento.
Podem solicitar clientes da Caixa que queiram financiar imóveis residenciais acima de R$ 1,5 milhão ou que já tenham um financiamento ativo na instituição. É exigida entrada mínima de 30 % do valor do bem.
A principal diferença está na referência de juros (CDI ao invés de taxa fixa) e na impossibilidade de usar o FGTS. Além disso, o limite de valor do imóvel é muito maior que o teto do SFH, que atualmente é de R$ 1,5 milhão.
A taxa de juros anual começa em 114 % do CDI. Se o CDI subir, a taxa sobe proporcionalmente, elevando o valor das parcelas. O ajuste ocorre diariamente, refletindo as oscilações do mercado interbancário.
A linha pode estimular a compra de imóveis de alto padrão, já que oferece uma fonte de recursos livre de subsídios governamentais. Também pressiona concorrentes a lançarem produtos semelhantes, o que pode ampliar a oferta de crédito atrelado ao CDI.
Os ajustes são possíveis a qualquer momento, pois a taxa já varia conforme o CDI. Alterações nos requisitos de entrada ou no teto de valor dependerão da avaliação de demanda que a Caixa fará nos próximos seis meses.
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