Quatro gols em 24 minutos e empate no apagar das luzes. Assim foi o dérbi da base na manhã deste sábado (6), em Itapira, pela terceira fase do Campeonato Paulista Sub-15. Ponte Preta e Guarani ficaram no 2 a 2 em um jogo amarrado no primeiro tempo e elétrico no segundo, com gol salvador da Macaca na última bola. O resultado mantém o Bugre invicto e líder do Grupo 31, com 7 pontos em três partidas, enquanto a Ponte segue na cola, em segundo, com 4.
Em categoria com tempos de 35 minutos, os dois times guardaram tudo para depois do intervalo. Teve bola parada decisiva, reservas saindo do banco para mudar o roteiro e os artilheiros do campeonato deixando a marca. A volta do confronto está marcada para o próximo sábado (13), em Campinas, com mando do Guarani.
O primeiro tempo foi de estudo, muitos duelos físicos e pouco espaço entre as linhas. As defesas levaram a melhor, e os goleiros quase não trabalharam. Depois do intervalo, a história virou de ponta-cabeça.
Aos 13 minutos do segundo tempo, o Guarani abriu o placar. Depois de cruzamento da esquerda, Miqueas dominou na área, girou rápido e bateu rasteiro, firme, para fazer 1 a 0 — o 13º gol dele no torneio. O lance expôs uma das forças bugrinas: ataque agressivo no segundo pau e leitura de rebote.
A Ponte não sentiu o golpe. Aos 21, Dudu bateu falta, a defesa rebateu e a bola sobrou para Cauã Giardelli, que conferiu de primeira para empatar. Foi o 18º gol do camisa 9, artilheiro da competição e referência do time alvinegro no terço final.
O jogo ficou aberto, acelerado, com transições curtas e muita disputa pela segunda bola. Aos 29, o Guarani retomou a frente. Em nova bola viva após lance aéreo, Pietro, que havia saído do banco, apareceu para testar e colocar 2 a 1 no placar. Foi o prêmio para a postura do Bugre, que seguiu agressivo mesmo depois de sofrer o empate.
Quando o relógio já passava dos 35, a Ponte jogou a última ficha na bola parada. Aos 37, Dudu levantou outra falta na área, e Nicolas, também vindo do banco, desviou de cabeça para fazer 2 a 2 e explodir o banco alvinegro. A jogada repetiu um padrão do jogo: lances de estratégia decidiram momentos-chave.
Dois pontos chamam a atenção. Primeiro, a influência direta dos reservas: Pietro e Nicolas mexeram no placar e no ânimo dos times. Segundo, o peso da bola parada, com Dudu participando de dois lances capitais. Em categorias de base, esse detalhe costuma separar quem empata e quem vence — e Itapira deu aula disso.
Com o empate, o Guarani chega a 7 pontos em três rodadas, segue invicto e lidera o Grupo 31. A Ponte Preta vai a 4, em segundo lugar. O formato desta terceira fase prevê jogos de ida e volta dentro da chave, e os dois primeiros avançam para a próxima etapa, também em formato de grupos. Ou seja, cada ponto vira ativo importante nesta altura do campeonato.
O dérbi de volta, no sábado (13), em Campinas, vale cenário claro: se o Guarani vencer, encaminha a vaga com antecedência e mantém a invencibilidade. Para a Ponte, o triunfo fora de casa equilibra a disputa e pode levar a decisão do grupo às rodadas finais com tudo aberto. Um novo empate mantém o Bugre confortável, mas não garante nada — ainda há caminho a percorrer.
O recado técnico do jogo foi nítido. A Ponte tem presença de área forte com Cauã Giardelli e aproveita bem segundas bolas. O Guarani, com Miqueas, encontra soluções em jogadas de flanco e ataques ao espaço. Quando o físico pesa e os detalhes contam, bola parada e banco fazem diferença. E foi isso que aconteceu.
O peso emocional também conta. O Dérbi Campineiro, um dos clássicos mais tradicionais do país, carrega história até na base. Para quem está em formação, jogar um clássico decisivo com arquibancada viva — famílias, olheiros e comissão técnica atentos — é aula de amadurecimento. Segurar vantagem, buscar empate, lidar com pressão: tudo vira repertório para a sequência do ano.
Alguns protagonistas saem maiores de Itapira. Miqueas mostrou frieza de artilheiro para abrir o placar em giro curto, lance difícil para sub-15. Cauã confirmou regularidade de quem decide toda semana. Dudu, com duas cobranças de falta que resultaram em gol, provou utilidade rara para a idade. E os reservas Pietro e Nicolas deram o tom de um jogo que teve roteiro de mata-mata.
O que esperar da volta? Um Guarani confiante, disposto a morder alto e acelerar as transições, e uma Ponte mais atenta às segundas bolas defensivas — especialmente após o gol sofrido no 2 a 1. Gestão de energia será chave: com tempos de 35 minutos e intensidade lá em cima, quem souber escolher melhor quando acelerar tende a levar vantagem.
Ficou a sensação de que ninguém saiu menor do dérbi. O Guarani preservou a liderança e a invencibilidade. A Ponte mostrou poder de reação e capacidade de competir fora de Campinas mesmo sofrendo virada. O script está aberto para mais 70 minutos de tensão no fim de semana que vem.
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